domingo, 24 de fevereiro de 2013

BONS ESPAÇOS PÚBLICOS GERAM MAIS SEGURANÇA























É possível que um bom espaço público induza o comportamento social e possa fazer uma cidade mais segura? É possível contribuir com um problema tão complexo e urgente de diferentes perspectivas disciplinares? Algumas pessoas argumentam que arrumando  rapidamente as “janelas quebradas” e repensando as ruas são as melhores políticas preventivas.Em 1969, Philip Zimbardo, professor na Universidade de Stanford, realizou um experimento no âmbito de suas pesquisas em psicologia social. Ele colocou um carro não licenciado com o capô levantado em uma rua negligenciada no bairro do Bronx, em Nova Iorque, e um carro similar em um bairro rico de Palo Alto, Califórnia. O carro no Bronx foi atacado em menos de dez minutos. Seu aparente estado de abandono permitiu o ataque. O carro de Palo Alto não foi tocado por mais de uma semana. Foi então que Zimbardo resolveu quebrar a janela do carro. Quase imediatamente, transeuntes começaram a pegar coisas do carro. Em algumas horas, o carro estava completamente danificado. Em ambos os casos, muitos dos que atacaram os carros não pareciam ser pessoas perigosas. Esse experimento levou os professores de Harvard George Kelling e James Wilson a desenvolver em 1982 a Teoria das Janelas Quebradas: Se uma janela quebrada é deixada sem reparos, as pessoas concluirão que ninguém liga para ele e que não há ninguém o vigiando. Então mais janelas serão quebradas e a falta de controle se espalhará dos edifícios para as ruas, mandando um sinal que ‘vale tudo’ e que não há autoridade“.























Seguindo isso Kelling foi contratado – muito antes que Rudy Giuliani e a sua Política de Tolerância Zero – pela Assessoria do Metro de Nova York, onde reinavam a insegurança e o crime. Seu primeiro desafio foi convencer o prefeito progressista da cidade, o democrata Ed Koch, que a solução não era reforçar o policiamento e fazer mais prisões, mas sim limpar e sistematicamente prevenir pixações no interior e no exterior dos vagões, garantir que todos pagassem seus bilhetes e erradicar a vadiagem no metro. Apesar das críticas, a transformação do Metro de Nova York começou através de símbolos concretos e detalhes que foram bastante visíveis e que re-estabeleceram ordem e autoridade. Até o célebre designer Massimo Vignelli, autor da sinalização, decidiu inverter as cores dos pôsters para tipografia branca sobre fundo preto para desencorajar as pixações. Hoje é um modelo de espaço público seguro e eficiente, além de um emblema que os nova-iorquinos não estão dispostos a se comprometerem novamente.
A idéia é simples mas poderosa: os maus hábitos se espalham rapidamente, mas os bons hábitos, com força e continuidade, podem desbancar os ruins. Como muitas coisas ao nosso redor estão em um estado crítico graças à nossa indiferença aos primeiros sinais de que algo não está certo? Quantas janelas quebradas nós vemos cada dia? Isso tem relação com a marcação de limites e a extinção dos maus hábitos com estratégias situacionais e preventivas que envolvem não só as autoridades mas também a comunidade na resolução de problemas através de participação ativa. É também o fato de revindicar o papel do Estado na regulação e controle de uma área onde interesses gerais sempre devem ter prioridade, pequenos ou grandes, com ou sem justificação. Em contraste ao que muitos clamam como perspectivas libertárias errôneas, coexistência democrática no domínio público requer a restrição de liberdades individuais para maximizar o bom uso e o desfruto coletivo dos espaços públicos.
Algumas das cidades mais bem sucedidas que lidam com essa situação  escaparam de sua deteriorização com planejamento proativo com projetos de alta qualidade,  cultura de higiene urbano e constante manutenção, ou como o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, costuma dizer: “ obsessão com a acupunctura urbana.”
Uma das primeiras a levantar essas questões foi Jane Jacobs, célebre e controversa ativista de direitos civis em Nova York. Inicialmente ridicularizada por tecnocratas do modernismo urbano, hoje é vindicada e citada inclusive pelo Presiente dos EUA, Barak Obama. Em seu livro “Morte e Vida de grandes cidades” (1962) ela recupera as preexistências ricas de cidades multifuncionais, compactas e densas onde a rua, o bairro e a comunidade são vitais para a cultura urbana. “Para manter a segurança da cidade é a tarefa principal das calçadas e ruas“. Para ela, uma rua segura é uma que promete uma delimitação clara entre espaços públicos e privados, com pessoas e movimento constante, assim como pequenas quadras que geram muitas esquinas e intersecções, onde os edifícios olham para a calçada para que haja muitos olhos constantemente a vigiando.











O futuro da humanidade e do planeta depende de termos cidades melhores. Sabemos que focando em espaços privados e fugindo para periferias urbanas insustentáveis não é a solução e ainda torna o problema pior. Nossa “qualidade de vida” não pode depender dos guetos guardados por muros, alarmes e exércitos privados. Reduzindo insegurança e medo é muito mais uma prioridade aqui quanto tornar essas áreas mais eficientes, integradas e criativas. Devemos começar a olhar o espaço público como o coração da vida moderna; seu desenho, seu uso, sua gestão e suas novas funções. Devemos repensar as rua, as praças, os parques; as matas e as paisagens urbanas, que nos permite construir uma identidade e experimentar o encontro, o intercâmbio e as diferenças. Um local somente se torna um lugar quando o apropriamos culturalmente, disse Heidegger.











Pesquisas recentes demonstram que essas correspondências entre desenho urbano, comunidade e espaços públicos são complementos efetivos para a implementação de uma política de segurança constante. Bill Hiller, professor da Universidade de Londres, em seu Laboratório de Sintaxe Espacial, investiga e mapeia fluxos entre crime, espaço e população. Milhões de dados reunidos e anos de análises permitiram que concluísse, não diferente de Jacobs, que cidades compactas e densas são mais seguras que bairros residenciais de baixa densidade. Zonas mono funcionais com pouca presença de residências – que perdem vitalidade e pedestres em uma certa hora – também não são recomendadas. A rua novamente se torna chave com muitas dimensões – não em grandes proporções – um tecido urbano denso entre edifícios que conformam uma rede com boa densidade populacional. As torres com gradis ou muros para a rua e os inatos shoppings centers que se isolam do espaço público, entretanto, não ajudam. O ideal: quadras com comércios no térreo e residências nos pavimentos superiores, conformando ruas e bairros animados e heterogêneos que misturam pessoas e atividades distintas, do educacional, cultural e institucional ao comercial, turístico e  produção sustentável.
Os problemas de segurança devem fazer parte das normas urbanísticas assim como fazer parte dos desafios iniciais de projeto, arquitetura e obras públicas. As atuais ansiedades e impossibilidades nos desafiam a buscar e inovar com outras lógicas, a fim de criar uma cidade com maior participação e menos especulação.
Britto , Fernanda . “Mais segurança requer melhores espaços públicos”. ArchDaily. <http://www.archdaily.com.br/97751>

domingo, 17 de fevereiro de 2013

PEQUENAS ATITUDES COM MAIS SUSTENTABILIDADE

Era uma manhã de sexta-feira, quando fui à uma reunião no Centro de Educação Ambiental de Catanduva-SP. Logo fui abordada por uma garotinha de aproximadamente 15 anos, voluntária de algum projeto ambiental que, de forma muito simpática, me ofereceu um copo d´água. Aceitei na hora. E assim ela me disse: “Espere que vou pegar um copo de vidro para você...” 
Imagine... respondi na maior espontaneidade: “Pode ser de plástico mesmo!” 

Não senhora, ela me respondeu. Aqui nós não usamos copos de plástico... E tão logo percebi o tamanho do fora que eu havia dado...

Atitudes tão simples como essas, que no dia a dia esquecemos da importância de mudarmos certos hábitos e pensarmos de forma sustentável.

E assim, entre a minha água no copo de vidro e os minutos de espera, aproveitei para registrar alguns trabalhos lindos que encontrei por lá. O destaque vai para os suportes de vasos feitos a partir de pallets reciclados.































Abraços e uma ótima semana a todos!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ARTE URBANA | TRIBUTO A NIEMEYER


A paisagem urbana de São Paulo passou a ficar mais colorida e bela nos últimos dias, graças à obra do artista brasileiro Eduardo Cobra. O trabalho é uma homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, falecido em dezembro de 2012, com 104 anos de idade.

Trata-se de um mural de 52 metros de altura por 16 metros de largura, com um imenso retrato do arquiteto, com várias referências às suas grandes obras – entre elas, aparecem no desenho a Pampulha, o Copam, o Museu Oscar Niemeyer e o Palácio do Planalto. 






Sobre o Artista


Eduardo Kobra é um grande representante da neovanguarda paulista. Sua história emerge por volta de 1987, na periferia de São Paulo, e logo e espalha pela cidade.

Seguindo os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, Kobra convergeu – com o Studio Kobra, criado nos anos 1990 – para um muralismo original, inspirado em diferentes artistas, especialmente pintores mexicanos, e beneficiando-se de suas características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista.

Nesse caminho, ele desenvolve o projeto “Muros da memória” que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade. Síntese do seu modo peculiar de criar, por meio do qual pinta mas também adere, interfere e sobrepõe cenas e personagens das primeiras décadas do século XX, esse projeto é uma junção de nostalgia e modernidade, resultando em pinturas cenográficas, algumas monumentais.

Endereço do prédio: Praça Oswaldo Cruz ,124 

Imagens Via: Eduardo Cobra

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PARKLETS | ALTERNATIVA PARA CALÇADAS COM MAIS VIDA E SEGURANÇA

Acompanho com atenção aos recentes projetos urbanos que receberam prêmios por seu design nos últimos anos. Um deles, particularmente, me chamou a atenção.

A proposta foi desenvolvida pelo inovador escritório americano Matarozzi Pelsinger Design + Build que cuidou de dar uma solução bastante interessante e eficiente para calçadas estreitas e que precisam abrigar diversas funções para seus usuários que precisam de espaço para sentar, comer e divertir-se.



Quem ainda pensa que a rua foi feita apenas para automóveis está bem enganado. Em São Francisco, Califórnia, a rua passou a ter um novo significado para o comércio e restaurantes daquela região. Tomando apenas 3 vagas de estacionamento, a proposta acrescentou beleza ao ambiente urbano e novas atividades ao espaço, que agora pode, de forma segura oferecer espaço para pequenos eventos e lazer a população, além garantir que o pedestre circule seguramente pelas calçadas.































































Um pouco mais sobre os PARKLETS

Parklets são o resultado de espaços da calçada, do lado de estacionamento, que foram convertidos em novos espaços públicos para diversas finalidades, como sentar, reunir e até mesmo como paisagismo. Os primeiros parklets foram patrocinados pela Prefeitura de São Francisco (Califórnia) como projetos piloto. Vejam abaixo alguns dos primeiros destaques do projeto.) 

Desde então, um programa  voltado à implantação de novos Parklets tem permitido a esses novos espaços o surgimento de criativas iniciativas da comunidade para cuidar desses bens que são de domínio público.  Mais de 100 áreas foram concedidas e estão em processo de instalação de Parklets, e juntos formam uma rede em constante mudança na vida de pedestres em toda a cidade. (Veja um mapa de parklets em San Francisco .)

22nd Street Parklet

Localização: 22 e Bartlett Ruas
Abertura Data: abril de 2010




Detalhes do Projeto:

A construção de uma plataforma para na pista de estacionamento para que área ficasse no mesmo nível da calçada foi realizado. Nesta plataforma, bancos, floreiras, paisagismo, estacionamento de bicicleta, mesas de café e cadeiras (em certos locais), todos se unem para proporcionar um novo espaço público acolhedor.

O material escolhido para a superfície do deck foi o bambu - por ser considerado um recurso renovável e ambientalmente amigável. Vale ressaltar que as três empresas frente ao novo Parklet concordaram em fornecer a manutenção diária, apesar de todos os bancos e estacionamento de bicicletas serem gratuitos e abertos ao público.























Columbus Avenue Parklet

Localização: Columbus Avenue, entre Vallejo e Green Streets.
Data de inauguração: Outubro de 2010
















Via: Pavement to Parks 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

URBANISMO I DE COPENHAGUE ÀS NOSSAS CIDADES

Há pouco mais de dez dias, meu ano iniciou com novos e grandes desafios. Para quem acompanha o blog já sabe que recebi a grande responsabilidade de coordenar a Secretaria de Planejamento Urbano da minha cidade, Catanduva - São Paulo.  

Acredito que um dos maiores desafios é corresponder às expectativas de uma população de quase 115 mil habitantes que espera ansiosa por acesso a moradias, mobilidade urbanasegurança, novas oportunidades de emprego e qualidade de vida.
  
Assim, nesse momento inicial de organização e planejamento, muitas reflexões em  torno de experiências bem sucedidas de importantes cidades do mundo tem pautado meu trabalho. Uma delas (em forma de video) compartilho hoje com vocês.

Acompanhem!


O vídeo é uma entrevista com o urbanista novaiorquino Jeff Risom, de um dos escritórios mais renomados do mundo, o Gehl Architects. A produção é da competente equipe responsável pelo projeto jornalístico “Cidades para Pessoas”

No vídeo é apresentado 5 lições que as cidades brasileiras poderiam aprender com Copenhague – Dinamarca. Um processo que merece nossa reflexão e algumas adaptações à realidade de cada localidade brasileira, mas que, sem dúvida, é uma grande contribuição que nos ajudará a construir cidades mais humanas.

Uma ótima semana a todos!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

QUE VENHA 2013!!!

O que posso desejar para 2013??? 

Que seja abençoado como foi o ano de 2012. E é isso que desejo a todos vocês, e que esse novo ano seja ainda repleto de muitas bênçãos, saúde e sucesso. Desejando sempre que os momentos de felicidade, beleza e graça se estendam por todos os dias! 













sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"CULTURA POP" NO DESIGN E DECORAÇÃO



Da elegância de James Bond, ao sucesso das melodias e letras dos Beatles no início dos anos 60, a cultura pop deixou muito mais às gerações.  No design, vemos formas mais criativas e arrojadas. Na decoração são gravuras, capas de almofadas, produtos com cores irreverentes e grafismos.

Fortemente influenciado pelo que acontecia no meio artístico, a cultura pop art estabeleceu uma crítica a tudo isso e alguns nomes como o de Roy Lichtenstein se destacaram nesse meio ao utilizar imagens de histórias em quadrinhos, cartuns e anúncios para criticar o que era veiculado nos meios de comunicação.




Andy Warhol

É nesse contexto que o Casa Bellissimo se inspira e traz algumas dessas referências do design e da decoração encontrados por aí. Acompanhem!










As sugestões de decoração indicadas acimas  estão à venda na CASA TUTI.